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Vivemos um tempo em que a atenção das pessoas dura menos que um story. Nesse cenário, criar uma marca forte e consistente virou um trabalho que leva tempo — mas que precisa mostrar resultado rápido.

E é exatamente aí que muitas empresas médias e grandes se encontram: investem em branding, contratam agências, montam times, fazem apresentações lindas… mas no dia a dia, o que o público vê são mensagens desalinhadas, visuais contraditórios, conteúdos que “até que ficaram bons”, mas que não constroem nada em conjunto.

Se isso soa familiar, talvez valha a pena olhar pra um lugar inesperado em busca de inspiração: o mundo pós-apocalíptico de The Last of Us.

 


 

O apocalipse do branding: onde tudo desanda

Empresas maiores costumam ter algo em comum: muita gente produzindo conteúdo ao mesmo tempo. Internamente, tem o time de marketing, o de produto, o RH, o institucional. Externamente, tem agências, fornecedores, freelancers e até parceiros com liberdade criativa. E em algum momento, cada um passa a contar uma versão diferente da mesma marca.

É como se a sua marca vivesse um “apocalipse de identidade” em que todo mundo tenta sobreviver como pode — cada área virando uma “cidade” com seus próprios jeitos, visuais, jargões e tons de voz.

A verdade é que falta direção. Falta propósito visível. Falta um design que sirva de bússola.

 


 

O que The Last of Us tem a ver com tudo isso?

Muito mais do que parece.

A série da HBO (e o jogo que a originou) se tornou um fenômeno justamente porque construiu um universo coeso e reconhecível mesmo em meio ao caos. Isso aconteceu porque todos os elementos de design — da fotografia à trilha, dos figurinos ao som ambiente — seguem a mesma lógica narrativa.

Nada ali é aleatório. O silêncio tem peso. As cores têm intenção. A estética é crua, emocional, e serve sempre ao propósito maior da história.

Em outras palavras: o design não está “decorando a história” — ele está contando ela.

 


 

O design como uma linguagem estratégica (e não decorativa)

É aqui que muitas empresas se perdem. Tratam o design como a última etapa, como se fosse o “embelezamento” do conteúdo. Mas design, quando bem aplicado, é o que transforma uma intenção em percepção.

E essa lógica vale dentro das empresas também.

Exemplos práticos:

  • Uma apresentação interna do RH pode reforçar ou contradizer a identidade de marca.
  • Um post sobre cultura pode alinhar ou distorcer o propósito da organização.
  • Um e-mail de endocomunicação pode ser apenas informativo — ou uma oportunidade de reforçar tom, valores e experiência de marca.

O problema é que, sem uma direção clara e uma estratégia visual bem definida, o design vai depender sempre do gosto individual de quem executa. Resultado: um quebra-cabeça visual e narrativo que nunca se completa.

 


 

Como resolver isso? Inspiração + processo.

Assim como The Last of Us criou um universo em que tudo conversa com tudo, marcas consistentes precisam ter um “guia de sobrevivência”: uma estratégia de design integrada ao posicionamento, que sirva tanto para times internos quanto para agências externas.

Aqui vão três caminhos concretos em que eu acredito:

  1. Brandbook não é PDF engavetado
    Transforme o brandbook em uma ferramenta viva, digital e de fácil acesso. Crie versões específicas para diferentes áreas da empresa e para parceiros. Inclua exemplos reais, linguagem simples e atualizações periódicas.
  2. Design como cultura, não como entrega
    Crie rotinas de alinhamento visual e narrativo dentro da empresa. Envolva times de RH, produto, comercial e liderança nos processos de branding. Mostre que consistência não é rigidez, mas clareza.
  3. Ativos prontos para usar
    Ofereça kits visuais e de conteúdo prontos para uso: apresentações, templates, banco de imagens e exemplos de tom de voz. Isso ajuda times que não são criativos por formação a manterem coerência sem travar a produção.

 


 

Design é resistência porque cria sentido no caos.

E marcas, como qualquer boa história, precisam sobreviver a muitas fases — mudanças de mercado, troca de lideranças, crises internas, reestruturações. O que mantém a identidade firme nesses momentos é a mesma coisa que sustenta Ellie e Joel: um propósito claro e uma narrativa consistente.

O design é a camada visível disso tudo. É o que costura a história, o sentimento e o valor percebido.

 


 

Se a sua marca fosse um personagem de The Last of Us, ela sobreviveria?

Talvez seja hora de olhar pra dentro, alinhar discurso e aparência, e preparar a sua marca para resistir.

Porque branding não se faz só com boas campanhas. Se faz com coerência diária — em cada slide, e-mail, post e banner. E isso começa com design.